Sopa: de insípida à comida emocional
Apoiado no alicerce da nostalgia, prato ganha destaque Cotidiano 20/05/2012 07h06 |
Por Mirella Mattos
Até pouco tempo a sopa costumava ficar um tanto restrita à alimentação de doentes e crianças, vista como uma comida de pouco gosto e imaginação, mas sempre louvada pelos valores nutricionais. Entretanto, nos últimos cinco anos esse prato adquiriu o status de comfort food (ou comida emocional) e agora deixou o seu lugar de segregação nos lares para ganhar destaque e ser saboreada em cafés, padarias e até em restaurantes não como entrada, mas prato principal.
Uma das investidoras nessa tendência, em Aracaju, é Alessandra Bezerra – que sempre foi uma entusiasta desse prato – e que com a sócia Bárbara Teles há seis meses montou a Sopa Mágica. “A sopa, de modo geral, pode até ter essa imagem de insípida, mas para mim sopa é um prato mágico e por causa do sabor mesmo”, explica.
Para Alessandra, um dos grandes objetivos do empreendimento é o de poder oferecer aos clientes um resgate mais apurado dos gostos da infância. “A gente quer despertar sensações agradáveis, que as pessoas venham aqui e sintam-se em casa, comendo uma comida que parece ou é até melhor do que a feita pela avó, ou seja, especial e muitos dos nossos clientes revelam vir com esse objetivo, de relembrar momentos bons de suas vidas”, detalha. Segundo ela, os sabores preferidos dos clientes são a sopa de feijão e o caldo verde, acompanhadas por torradas de alho.
Mas alguns cuidados devem ser observados antes de eleger qualquer tipo de sopa como preferida quando se almeja perder quilos ou manter o peso, garante a nutricionista Talita Barreto. “Para quem está querendo perder uns quilinhos extras, a sopa tem que ser menos gordurosa e calórica. Para diminuir estes nutrientes (carboidratos e gordura), então, deve-se evitar colocar gordura (mesmo que seja azeite ou óleo para refogar), usar carnes magras (como músculo ou peito sem pele), e principalmente, não utilizar batata, macarrão ou arroz, que aumentariam muito o valor calórico da sopa”, explica.
Outro fator a ser observado, segundo a nutricionista, são as variações de molhos. “Os molhos adicionais podem ser muito calóricos, se forem de queijos amarelos (entre 80 e 120 kcal por colher de sopa) e à base de maionese (uma colher de sopa tem 80 kcal)”. Ela recomenda a utilização dos que tenham como base ervas, azeite e limão, cuja combinação não ultrapassa 40 kcal por colher de sopa.
Talita ressalta ainda que a sopa de feijão e os croutons, ao contrário do senso comum, podem ser saboreados, desde que algumas considerações sejam feitas. “A sopa de feijão, em si, não é um problema. A questão é que normalmente essa sopa vem acompanhada de carnes gordurosas - como bacon - por macarrão e batata. Aí sim deve ser evitada. Já os croutons são uma ótima opção, desde que assados ao invés de fritos. Em uma sopa de legumes com frango, duas colheres de sopa de croutons acrescentariam 56 kcal. Uma boa pedida também é fazer com pão integral porque terá mais fibras”, sugere.
Apesar de essa ainda não ser uma preocupação de seus clientes, Alessandra informa já ter como projeto futuro disponibilizar a tabela nutricional dos pratos servidos em seu restaurante e ressalta que alguns cuidados já são tomados em sua produção. “Eu coloco o mínimo possível de óleo nas sopas, não apenas para evitar gordura, mas porque acho que não seja determinante na alteração do sabor. Para mim, a magia da sopa está na combinação de temperos, carinho e dedicação”, revela.

