Por: Sílvio Oliveira

Retirar ou não retirar os inibidores do apetite do mercado brasileiro? Eis a questão que permeia o debate na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), quanto a venda de emagrecedores (anorexígenos) nas farmácias do país. A questão é que os efeitos colaterais e as contraindicações estão sendo colocadas em xeque, em detrimentos dos pontos positivos dos medicamentos. Um deles, a sibutramina, ainda não tem definições oficiais quanto a esses efeitos.

O vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de Sergipe, Wilson Anchieta, diz não ter nada contra com as vendas dos medicamentos, mas faz uma ressalva, afirmando que somente deve ser consumido sob orientação médica e vendido com receita especial. “O Sindicato não é contra a venda. Orientamos nossos associados a cumprir a legislação”, informou.

A legislação a qual o farmacêutico menciona é que a venda de anorexígenos sem prescrição médica é proibida.  Os medicamentos devem ser vendidos com receita especial, tipo B2, e as farmácias que os vendem, também terão que prestar contas à Anvisa.

Para médica endocrinologista Cleide Selma Melo Menezes, não se pode retirar os medicamentos do mercado, pois há consumidores que necessitam deles.

Ela credita que deve continuar vendendo, porém, acompanhado de uma rigorosa orientação médica e fiscalização. “Todo ou qualquer emagrecedor deve ter orientação médica de um especialista e receita especial”, avaliou, acrescentando que a automedicação de inibidores do apetite poderá acarretar em problemas de saúde, como aumento de pressão arterial e de frequência cardíaca, além de problemas de tireóide e de depressão.

Questões de saúde à parte, nas academias de ginástica os inibidores do apetite não fazem sucesso, até porque, com o aumento do rigor para comprá-los, a questão da atividade física, em consonância com orientações nutricionais, tem feito a cabeça dos afeiçoados por um corpo saudável. “Alguns medicamentos, os termogênicos, levam a um ciclo vicioso. Perde o peso, inibe o apetite, perde rápido e quando para de tomar e não tem continuação, ganha o peso em dobro”, explica Marcelo Andrade, professor de educação física, especialista em musculação.

Ainda explica o profissional que muitos deles sobrecarregam os rins e o fígado, entre outros efeitos colaterais. A dica de Andrade é procurar um endocrinologista quando realmente for o caso, ter uma boa alimentação e praticar atividade física. “Remédio só em último caso”, apontou.

Venda sem receita

Em algumas farmácias de Aracaju, os medicamentos não mais estão sendo encontrados. Muitos comerciantes deixaram de vendê-los, até por conta do rigor em comprá-los.

Wilson Anchieta afirma que não há registro no Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de Sergipe de que farmácias tenham descumprido a venda somente com receita especial.

Na lista de medicamentos anorexígenos estão o Aminorex, Anfepramina, Femproporex, Fendimetrocina, Fentermina, Mazindol, Mefenorex e Sibutramina. Os preços variam entre R$ 40 e R$ 70, a depender se são genéricos ou de marca, quanto às miligramas e a quantidade de comprimidos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda terá muito o que debater.