Por Sílvio Oliveira

Superlotação na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, proximidade de leitos e equipe multidisciplinar com sobrecarga de trabalho são apontados como os principais problemas enfrentados na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, em Aracaju (SE), que poderão levar a uma infecção generalizada de bebês.

O alerta é feito por médicos do Sindicato dos Médicos e da Sociedade Sergipana de Pediatria ao lembrarem que em 2007 doze recém-nascidos morreram na maternidade Hildete Falcão.

Conforme a presidente da Sociedade Sergipana de Pediatria, Glória Tereza Lima, (foto ao lado) as informações passadas pela direção da Maternidade, na última sexta-feira (08) ao Ministério Público, deixaram a categoria estarrecida, já que há um médico para quarenta crianças, enquanto que se determina um profissional para cada dez crianças. “O caso é grave”, avaliou.

Glória Tereza levantou a questão da superlotação acima de 100% da capacidade, das proximidades do leito, aumentando assim o risco de infecções e de mortes. Ainda alerta a médica quanto à questão da falta de profissionais, pois há médicos celetistas e estatutários. “Os celetistas podem fazer hora extra. Há um decreto governamental que os estatutários não podem. Há sobrecarga não só dos médicos, mas de toda a equipe e o pior, existe uma lista de técnicos de enfermagem para entrar, mas precisamos no momento de pessoa qualificada para o alto risco. Precisamos ampliar a carga horária dos profissionais já capacitados ou que contrate equipes até que capacite os profissionais”, explicou.

Ações emergências

Nesta segunda-feira (11), a Secretaria de Estado da Saúde anunciou medidas para conter a superlotação na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes. O secretário estadual Silvio Santos esteve na Maternidade onde se reuniu com a diretora Karline Rabelo. A nova diretoria da Fundação Hospitalar de Saúde, nomeada na sexta-feira, também foi convocada, além de coordenadores das áreas financeira e de logística.

A diretora confirmou que é preciso agir para conter a superlotação e desafogar a maternidade que deveria atender apenas os casos de alto risco, mas hoje atende de 65 a 70% de gestantes de baixo e médio risco.

Para minimizar a situação, já foram feitas medidas tais quais: o aumento de leitos e o contato com fornecedores de medicamentos e produtos. Um planejamento de ações também deverá ser posto em prática, a exemplo de regulamentação para as gestantes que permita agilizar o encaminhamento de baixo, médio ou alto risco.

Ação Civil Pública

Há mais de seis meses que as entidades médicas denunciam problemas de superlotação na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes. Em novembro de 2011, o Ministério Público ajuizou uma Ação Civil Pública através da Promotoria dos Direitos à Saúde. O juiz  Raphael Silva Reis apresentou liminar onde obrigava o Estado de Sergipe e a Fundação Hospitalar de Saúde, para em 60 dias, resolver os problemas apresentados como: superlotação, falta de equipamentos essenciais para preservação de vidas dos recém-nascidos, entre outros

Nos meses de março e abril de 2012, novas audiências públicas foram realizadas no MP, entre elas, uma reunião que mediou o conflito e a falta de um convênio entre as Secretarias Municipal, Estadual e Hospital Santa Izabel, a fim de que colocasse em funcionamento leitos construídas na unidade médica.

Em 2007, 12 recém-nascidos morreram na maternidade Hildete falcão por complicações ocasionadas por infecção hospitalar. Na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes são 101 leitos obstétricos, 34 leitos de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e mais 25 leitos de Unidade Intermediária.

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